Um tanto bem maior...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Reflexo Oculto em Mim

Primeira postagem.
Marinheira de primeira viagem.
Primeiro reflexo oculto em mim trabalhado com o objetivo de expandir.
Quem sabe, no futuro (próximo ou não) esses reflexos não sejam mais tão ocultos. Quem sabe, um dia, eles sirvam para iluminar a escuridão de outros. Entretanto, se nada disso acontecer, que este blog sirva minimamente como uma válvula de escape para meus sentimentos revoltados, minhas tristezas inevitáveis, minhas palavras reprimidas.
Uma boa viagem à nós.



No quarto escuro e solitário dos pensamentos...

Perdido em meio a pensamentos que eu não gostaria de ter, sinto meu peito sangrar. Seria de tristeza?... De ansiedade?... Ou pela certeza de que a idéia de felicidade perfeita não condiz com a realidade do que vivo? Sangro pela consciência de que não consigo controlar o vôo alto e quase burro dos meus desejos? ...
...As gotas insistem em percorrer meu rosto invadindo minha alma. Mistura-se dor, saudade, esperança. E o resultado é sempre o mesmo: pra qual lado é o meu norte?
Mas, não paro.
Sigo. E caminhando, mesmo sem direção, sem rumo, carrego em minhas veias o calor do amor que há tempos passou. Que arrebatou ao chegar, e quase matou quando precisou partir.
As folhas secas de estações passadas deixam marcas como pegadas em caminhos já percorridos, como uma prova do que já testemunhei, como páginas escritas de um livro que eu sei de cór.

Uma brisa leve faz a curva na esquina e vem em minha direção. Balança meus cabelos... Sinto a pureza do ar! O cheiro da dama-da-noite invade meu peito, levando minha imaginação além. Meu coração bate atiçado novamente. Respiro profundamente. Fecho os olhos e deixo sua imagem me dominar. O tempo está perdido, e parece fazer o caminho contrário. Deixo de lado toda minha capacidade de compreensão, toda minha sanidade. Largo as armas, os escudos. Deixo-me levar. Levitar. Voar! ...e vôo pros seus braços. Pros seus abraços. Pros seus carinhos... Quase posso sentir o contato da pele, o arrepio na nuca, o calor em meu colo. Um enorme desejo. Um desejo que me alimenta, me instiga, me renova,....me consome, me enlouquece, me destrói!...

E de repente, invadindo meus sentimentos, logo vem a tempestade. Molhando meu sonho, afogando meu desejo, submergindo minha felicidade ilusória e passageira. Enquanto raios e trovões ecoavam em minha cabeça bagunçando minhas idéias, minha linda história de amor afundava carregando consigo as fotos guardadas em minha memória. E eu, em vão, cansava meu corpo tentando juntar as partes onde minha história cruzava a sua. Assistia a realidade voltar a tomar conta do cenário que eu tanto me dediquei a construir. Em meio aos destroços do meu coração, perdem-se ao vento as páginas de minha biografia. Confunde-se o tempo, o desejo, as imagens, os personagens.

Como uma saída temporária, mais uma vez, fecho os olhos, permitindo que o sono acalente meu penar. Canções já conhecidas embalam o sono da mulher-criança que se perde entre a vontade de viver e o desejo de sonhar. Notas musicais amaciam a queda de um sono profundo, e a calmaria volta a reinar no mar da minha solidão. Navego como um capitão experiente, que já conhece a lua e suas fases. Aproveito a queda das estrelas, para confundir o desprender de minhas lágrimas. A noite passa....calma e lenta. E logo o brilho do dia vem iluminar meu recomeço. O grande rei acorda em sua majestade e seca meus olhos, meu barco, meu destino. E sopra aos quatro cantos algumas palavras de reflexão: “Não pare de remar! Nunca se sabe o que nos espera além da linha do horizonte do amor...”.
Carolina Bertholini Freudenthal