Um tanto bem maior...

terça-feira, 5 de junho de 2012

Eu sou melhor que Deus

Na cidade onde eu moro há uma praga. Essa praga enrijece o dedo indicador, atrofia os outros dedos e bloqueia a mente. Mais conhecida como a praga do "EU SOU MELHOR QUE DEUS", ela não escolhe idade, sexo ou religião. Qualquer um pode estar na mira dessa doença epidêmica que tem por característica principal destruir a humildade e consciência do atingido fazendo com que este acredite que está acima de tudo e de todos. Dizem que podemos ser infectados pela doença sempre que não somos capazes de olhar para nossas próprias atitudes, sempre que nos sentimos melhor que o próximo e esquecemos que somos todos iguais, sempre que alimentamos a guerra, e não a paz, sempre que condenamos ou penalizamos outrem, sempre que não somos capazes de enxergar que tudo é uma questão de "referencial" e não uma regra indubitável. Eu mesma fui pega por essa doença. Já estou em tratamento e constante observação. Carolina Bertholini Freudenthal

terça-feira, 20 de março de 2012

Direitos Humanos são para Humanos Direitos (?)

Há muito tempo essa frase tem me irritado profundamente. A ignorância de quem a propaga (deixo claro, ignorância no sentido de ignorar, não a tentativa de ofender) comprova que cada vez mais o ser humano esquece-se do seu verdadeiro tamanho, da sua real importância. Esta é uma frase absolutamente inapropriada, e posso até dizer, burra. Não precisamos ser grandes intelectuais, sociólogos, antropólogos, nem ter nenhuma formação escolar para compreender o quanto esta afirmação pode, e deve ser rebatida. A verdade é latente. E quanto mais é ignorada, mais acelerado é o passo rumo ao fim. Penso que alguém que tenha esse tipo de concepção só pode ter nascido com a vida ganha, ou então não percebeu o quanto, apesar de tudo ter dado certo, com muito esforço, muita luta e um empurrãozinho da cadência da vida, poderia também, não ter dado. Afinal, cada decisão que tomamos em nossas vidas, afeta de forma irrevogável o caminho que por ela percorremos. Esse caminho muda, a todo instante. E praticamente TUDO pode se tornar um fator de transformação, inclusive os acontecimentos e decisões da vida alheia, do país alheio, da condição econômica das grandes potências, e até o mau ou bom humor do patrão ou do vizinho. É só abrir a janela de casa, olhar para fora e perceber a desigualdade social gritante que assola milhões de brasileiros e cidadãos do mundo. Não precisa estudar muito para perceber que CONDIÇÃO é fator de sorte na vida de muitos. Quando dizem que precisamos nos esforçar, pois, “eu me esforcei, e consegui!”, claro que faz certo sentido. Tenho convicção de que o esforço é necessário para alcançar objetivos. Mas é absurdo ignorar que, por exemplo, há muito, é quase impossível, dentro de uma condição de vida baixa, um aluno formado em escolas públicas entrar em uma universidade pública. Há exceções, sim. Repito, exceções! Assim como há exceções de escolas públicas com qualidade. E da mesma forma que não é possível comparar estas poucas escolas de qualidade com o contexto nacional, também não dá pra ter por base estes alguns estudantes. Estamos falando de uma classe desfavorecida, que mal consegue pagar suas contas, e nem imposto paga, por não acumular o mínimo necessário para tanto. Como exigir que uma população que mal pode se alimentar, que se vê obrigada a gastar praticamente todo o seu salário em seus aluguéis, que paga o preço absurdo do transporte público, o preço ridículo do pão, os impostos inaceitáveis em qualquer eletrodoméstico, consiga ainda educar seus filhos, ou até mesmo se educar? É claro que assistiremos BBB, discutiremos a vida da Tereza Cristina e da Griselda, nos alimentaremos de fofoca, futebol e samba. Se os pais não têm educação, os filhos não aprenderão nos livros ou nas ruas. Se a escola não tem bons professores, os estudantes não aprendem. Não dá pra colocar a culpa nos adultos que já foram crianças necessitadas de base, estrutura, e não tiveram. Não dá pra ignorar que a gente descobre todos os dias o quanto a corrupção dos engravatados afeta nossas vidas. Colocar a culpa no homem não soluciona o caso. Culpá-lo, julgá-lo, condená-lo, não volta no tempo e corrige o problema. Culpar as vítimas então, nem se fala. Direitos humanos são para nós, humanos errantes, sedentos por justiça, igualdade, liberdade. Porém, errantes, e todos. Não aqueles ou estes. Todos. E como eu gosto citar, o verdadeiro diz: “As pessoas não são más, elas só estão perdidas. Ainda há tempo. Vamos resgatar!” Salve, Criolo!!!