Um tanto bem maior...

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Pelo amor de ...quem?

Desde pequena ouço contradições sobre a existência de
DEUS, e apesar de o catolicismo ter feito parte a minha
vida até certa e pouca idade (herança de família), meu pai
me mostrou o lado ateu da vida.
Confesso que durante um tempo resisti a essa triste
informação. Sim, porque para uma criança, não existir céu,
é pior do que não existir Papai Noel ou coelhinho da
páscoa. E mesmo com todas as explicações teóricas e
científicas que meu pai deu, foi bastante difícil encarar
essa possível realidade.
Graças aos meus pais (não a Deus), eu e minha irmã
fomos criadas sempre da melhor forma possível. E creio
que nossa educação teve como base desde aprender a
se portar na mesa do almoço, até a parte verdadeiramente
importante: preocupar-se com o próximo.
Meus pais, socialistas de raiz, procuraram nos ensinar que
nada está realmente bom, se não estiver bom para todos.
Nenhuma felicidade é plena, enquanto a realidade for a
miséria, fome, falta de solidariedade, guerra, desrespeito e
principalmente, pobreza de espírito. Sempre fui ensinada a
respeitar o ser humano, independente de quem ele seja,
ou o que ele faça. Mesmo que este tenha uma conduta ou
pensamento totalmente diferente do meu. Às vezes é
difícil, mas eu procuro sempre seguir esse caminho.
Com o passar do tempo, mesmo com o surgimento e
expansão de várias outras religiões, passei a detestar
quase todas. Não posso nem dizer que as conheço bem,
mas posso afirmar que, muitas vezes, ela é uma grande
prova da dissimulação e hipocrisia do ser humano.

Não precisamos entrar em grandes discussões, falar
sobre o fanatismo islâmico (onde inocentes são mortos
com o aval de Deus), ou sobre o “grande homem” do
momento (com o cérebro do tamanho do coração), o
presidente americano George Bush. Podemos falar
apenas daqueles que dividem o nosso cotidiano. Já
bastará.

Quantas vezes você já não se espantou com a grosseria,
falta de respeito e/ou descaso de alguém? Ou então, ficou
sem entender o porquê de alguém ter tomado uma atitude,
indiscutivelmente, de má fé? Quantas pessoas te fazem
pensar: “por que ele(a) fez isso, meu Deus?”. Quantos
políticos, com primeira comunhão e boa frequência nas
igrejas aos domingos, possuem seus nomes em
inquéritos por corrupção, e ainda assim dormem
tranqüilos, em seus travesseiros que valem aquilo que
muitos conseguem no mês para sustentar uma família?!

A grande maioria das pessoas possui um Deus para
acreditar e seguir. A bíblia, sendo ou não
comprovadamente verdadeira, é um livro de
ensinamentos. E apesar de ter como base a religião,
existem muitos conceitos que não devem ser levados em
consideração apenas por quem acredita em Deus. E sim,
por todo e qualquer ser humano que procura ser melhor e
fazer o bem.

À partir disso, cheguei à conclusão de que a religião não é
uma ajuda muito grande para as questões humanitárias.
Bem pelo contrário. Atualmente vejo que a função dela é
maquiar. Muitas dessas pessoas que se julgam “servos do
senhor”, “seguidores de Deus” (ou de Alá, ou de Jah, ou
...), são as mesmas que cometem homicídios, se
corrompem, ficam milionárias com o dinheiro público,
enquanto outros pedem nas ruas, sofrem a perda de um
filho assassinado, etc. Estas pessoas sabem muito bem
fazer uso da sua religião, e escondê-las por debaixo dos
panos quando convêm.

E agora eu volto ao início da discussão, onde agradeço a
educação que tive, e que me permite, hoje, ter
discernimento e capacidade para não fazer parte deste
grupo.

E mesmo sem acreditar em Deus, onipresente,
onipotente, acredito em mim. Acredito que Deus é a
consciência. Se todos, antes de agir, parassem para
pensar, se Deus aprovaria tal ação, e levassem a sério
(como dizem que levam), possivelmente esse seria
o melhor filtro para reduzir as atitudes egoístas
e impensadas que cometem umas para com as outras.
Sentir orgulho, ou no mínimo não se envergonhar de
nossos atos pode ser uma solução.

Por isso, acredito que pregar religião não é melhor do que
ensinar educação, do que projetar o futuro, ensinando,
enraizando, desde criança, a idéia de que só estamos bem
quando estamos todos bem. Ninguém escolhe viver,
mas todos podem escolher COMO viver.

Carolina Bertholini Freudenthal

Um comentário:

Sergio Pardal Freudenthal disse...

Brigadão, filhotinha, beijos do
Pairdal